Com certeza não fui a única criança que acreditava que os brinquedos tinham vida própria, e olha que eu fui criança bem antes dos filmes Toy Story. Me lembro bem de arrumar os brinquedos a noite e dizer pra eles "sei direitinho em que posição deixei cada um de vocês, portanto..... se vocês não estiverem no mesmo lugar pela manhã, sei que vocês estiveram brincando por conta própria." Ainda bem que eu não tinha demais brinquedos pois tentava ser justa e brincar com todos, não queria que nenhum ficasse magoado. Sim mas o que isso tem a ver com a pintura? Ainda bem que sei que não é bem assim senão como ficariam as telas que estão no cavalete esperado que as termine? Já comentei que uma das perguntas mais frequentes que ouço, é "quanto tempo você levou para pintar esta tela?" As vezes é necessário um tempo de observação entre a pintura de uma camada e outra. Aqui estão algumas que telas que pretendo terminar em breve.
Esta tela já está a um ano esperando que eu me dedique a ela novamente, falta pouco, uma sombra aqui e outra ali, só algumas horas de dedicação.
Esta é uma tela 20 x 30 que comecei juntamente com o Grupo Croquis Urbanos e a qual também preciso dedicar mais um tempinho. Aquela nuvem estranha não está ajudando em nada na composição, vai sumir com certeza e o primeiro plano também precisa ser um pouco destacado. Mas a água está pronta...já é alguma coisa.
Esta também é 20 x 30 e também comecei junto com o Grupo Croquis Urbanos. Não bastasse toda a perspectiva envolvida na parede e prateleiras, ainda há o reflexo de um outro prédio na vitrine. Desafiador, mas eu chego lá.
Pois é, estou tentando fazer um auto retrato, mas este também já está encostado a um tempinho. Tudo bem, um dia consigo terminar...o importante é persistir e organizar as prioridades. E telas, não se preocupem, na parede ou no cavalete, nenhuma está esquecida.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Não aprendi a dizer adeus
Vamos de trás pra frente. Preparando este post sobre Natureza Morta e minhas tentativas neste estilo de pintura, fui levada a lembrança de uma mestra, uma inesquecível mestra, de quem tive a grande sorte de ser aluna. Mulher generosa, a professora Lígia Beatriz Nocera era muito admirada por suas telas; costuradas, bordadas com lembranças, com paninhos de renda, com colheres de prata, com peixes servidos em baixelas de porcelana. Em suas telas contava sua história através de louças e cores. Amava a pintura e transmitia essa paixão. Abria sua casa para os alunos e ainda de quebra preparava um bolo com chá. Se pinto hoje um pouco da minha louça e das cores e luzes que cercam a minha mesa, se conto um pouco da minha história nas telas de Natureza Morta, devo muito a Lígia. Pensei que nos veríamos novamente....não estava pronta para dizer adeus.
Lígia, no canto inferior direito.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
E 2015 se foi......
Que ano, ufa! Acabou.... na verdade acabou só mais um dia, amanhã começa tudo de novo, mas já que convencionamos no calendário gregoriano, que no dia 31 de dezembro acaba um ciclo que chamamos de ano e que no dia 1º de janeiro começa um novo ciclo, então vamos aproveitar e olhar para trás e aprender com o que passou. Podemos tentar melhorar o que for possível. Talvez até tomar aquela decisão pela décima vez e dizer: "Dessa vez vai", mas ..... por que não fechar o ano de 2015 com chave de ouro? Enquanto alguns se enfiavam em longas filas, seja no caminho para o litoral ou no caixa do supermercado, aproveitei o último dia do ano em ótima companhia para desenhar, aquarelar e curtir um belo parque curitibano, o Parque Tanguá.
Acampamos de baixo de uma sombra fresca e começamos. Elenita que aproveitou para ler, Ana minha norinha, toda equipada para fazer uma ilustração em aquarela, Rúbia, irmã da Ana que neste ano foi minha aluna usando suas aquarelas novinhas e eu, que geralmente pinto com tinta a óleo hoje me arrisquei na aquarela também.
Coisas de Curitiba. Um carro elétrico da guarda municipal rondando pelo parque. Um tanto quanto inusitado, mereceu uma foto.
Depois de algumas horas pintando, conversando, ouvindo música e claro, também fizemos um pique-nique, voltamos.
Aquarela da Ana. Amei a moça tirando uma selfie na passarela e o patinho na lagoa, que de fato estava lá.
2015 se foi, 2016 está aqui, Na verdade nada mais é do que um dia que segue o outro. Não sei quanto a você, mas que eu quero viver cada dia com toda intensidade possível. Que seja bom para todos.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
Só uma gotinha no oceano
Sabe o ditado, "É melhor dar do que receber", é verdade não é? E as vezes um gesto pequeno de uma parte representa muito para quem recebe. AMAS - "Associação Menonita de Assistência Social" é uma entidade beneficente que através do trabalho realizado nas seis creches muda a realidade das crianças e famílias envolvidas. Atende aproximadamente 1.000 crianças e conta com a ajuda de outras mil pessoas talvez. De perto e de longe tem mãos que se dispõem a mudar a realidade das vidas envolvidas na AMAS. Algumas senhoras organizam bazares, outras costuram roupas para as crianças, tem outros que disponibilizam seu tempo para ouvir e aconselhar as vezes as crianças e as vezes familiares. Há aqueles que se reúnem no conselho administrativo para manter todas as contas em ordem e ainda outros de longe, de diversos países apadrinham alguma criança. Muitas e muitas pessoas já se envolveram com este trabalho e recentemente foi realizado um momento comemorativo pelos 45 anos de existência deste projeto. Para tanto fui convidada a fazer um desenho que representasse este momento. O desenho foi impresso em placas de cerâmica e presentado a várias pessoas que se envolveram nestes 45 anos. Minha ajuda foi só uma gotinha neste oceano de bondade, mas fiquei feliz em poder ajudar. Para conhecer mais sobre este projeto, por favor acesse: http://www.amasbrasil.org.br/
Assim ficou o resultado final. Fiz um desenho a grafite em papel e posteriormente este foi impresso e emoldurado. As crianças em primeiro plano representam a razão deste trabalho, a casa é a imagem da primeira creche que está localizada em Palmeira e a árvore é um pinheiro, o que simboliza o estado do Paraná onde se encontram as seis creches.
Aqui alguns dos fundadores, agora já com cabelos brancos mas com o mesmo amor pela causa que tinham a 45 anos atrás. Outros são os que estão na liderança agora.
Assim ficou o resultado final. Fiz um desenho a grafite em papel e posteriormente este foi impresso e emoldurado. As crianças em primeiro plano representam a razão deste trabalho, a casa é a imagem da primeira creche que está localizada em Palmeira e a árvore é um pinheiro, o que simboliza o estado do Paraná onde se encontram as seis creches.
Aqui alguns dos fundadores, agora já com cabelos brancos mas com o mesmo amor pela causa que tinham a 45 anos atrás. Outros são os que estão na liderança agora.
Esta é a brava gente de uma das creches. AMAS _ SERVIR COM O AMOR DE CRISTO.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Caiu a Ficha
Um domingo desses fui visitar o MON, Museu Oscar Niemayer. Queria ver principalmente a Bienal. Encontrei lá uma amiga, a Nadiane, formada como designer de produtos. Dias depois estávamos conversando e aí surgiu o assunto Bienal. Comentei que havia ficado um tempão na fila para ver uma determinada obra. "E aí, o que você achou"? me perguntou a Nadiane. "Humm, achei que aquela obra está mais para experiência científica do que para obra de arte". "Ah! eu gostei, entendo que hoje as pessoas não querem mais somente ficar observando uma obra de arte, querem fazer parte dela." Sabe quando cai a ficha? Então, a minha ficha caiu. Entendi então o que acontece quando vou pintar ao ar livre no Parque Barigui. Frequentemente ouço a pergunta. "Posso tirar uma foto?" Achei estranho mesmo quando vi um rapaz fazendo uma selfie comigo ao fundo, me achei meio com cara de atração turística. Mas deixando isto de lado, recebi tantos elogios, pessoas me dizendo que o dia delas foi diferente simplesmente por ter visto uma cena tão inusitada. Outros dizendo que parece que entraram em um filme e ainda outras parando para conversar simplesmente. E aqui estão fotos de pessoas que passaram por lá e registraram.
Então, quem sai ganhando mais? Eu me sinto super feliz por ser reconhecida.
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Na foto até parece que estou sozinha, que tenho todo o parque só pra mim. Só parece, de repente ouço um "com licença, posso tirar uma foto?" (foto de Marlyn Tows)
Aqui conheci uma senhora que canta ópera e no momento ela estava me mostrando um vídeo de celular onde ela estava cantando. Amo música e saí ganhando novamente. (Foto de Marlyn Tows e foto abaixo de Thais Amorim.)
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Sim, agora entendi o que acontece, as pessoas que me veem pintando tão de bem com a vida, se sentem parte da obra. Elas melhoram o meu dia e eu melhoro o dia delas. Tudo de bom. |
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
O que te emociona?
Difícil descrever a emoção não é? É uma coisa que acontece no teu íntimo mas que se reflete de uma forma estranha, dá vontade de chorar as vezes, outras causa espanto, te faz sentir feliz, causa tristeza ou estranheza. O caso é que a emoção nos faz viver com uma intensidade maior. Se algo te emociona, aquilo não "passa batido". Você para para observar e outras vezes para agir. A pintura me emociona, tanto o ato de pintar, de pegar um pedaço de tecido branco e através da cor dar vida, como também observar a pintura. Quero compartilhar aqui algumas poucas das muitas que me emocionam.
Paisagem Paranaense de Theodoro de Bona.Óleo sobre tela. Sem data. Me emociona a cerca de madeira, os campos, o tipo de vegetação. Me faz lembrar minha infância, Me emociona ver como ele pintou. Há pequenos espaços brancos, posso ver a rapidez e a certeza da pincelada. Posso ver a segurança do que ele pretendia em cada cor.
Indo um pouco mais longe, no Museu d'Orsay, encontra-se e tela "Os raspadores de assoalho" de Gustave Caillebotte, de 1875. A obra é grande, 102 cm x 146,5 cm e está em uma parede logo a entrada da sala dos impressionistas. O que me emociona nesta tela, são os reflexos, a maneira como o assoalho adquire vários tons de azuis os pontos de luz, o equilíbrio entre as linhas retas do assoalho e da parede em contraste com as linhas curvas da sacada e dos corpos. Causa sim um certo espanto e estranheza.
Me emociona também a escultura de Bernini. Como pode uma pedra ser tão macia? "O rapto de Proserpina" de Gian Lorenzo Bernini. Mármore. 1621 - 1622.
Talvez somente aqueles que já trabalharam com muitos verdes na mesma tela saibam apreciar a beleza desta obra de Joseph Paquet. "Cruzamento em Bubbling Springs". Óleo sobre tela, 61 cm por 76 cm. Me emociona a simplicidade da composição e a maestria na execução. Ainda poderia citar muitas obras aqui e acho que o farei em breve em um novo post, mas vejam que ideia legal teve o Museu Rijksmuseum de Amsterdã. Este museu está pedindo que os visitantes parem de fotografar as obras mas, que ao invés as desenhe. Para tanto disponibiliza lápis e papel para os todos os interessados, com isso eles querem que os visitantes entrem em contato verdadeiramente com a beleza das obras.
Indo um pouco mais longe, no Museu d'Orsay, encontra-se e tela "Os raspadores de assoalho" de Gustave Caillebotte, de 1875. A obra é grande, 102 cm x 146,5 cm e está em uma parede logo a entrada da sala dos impressionistas. O que me emociona nesta tela, são os reflexos, a maneira como o assoalho adquire vários tons de azuis os pontos de luz, o equilíbrio entre as linhas retas do assoalho e da parede em contraste com as linhas curvas da sacada e dos corpos. Causa sim um certo espanto e estranheza.
Me emociona também a escultura de Bernini. Como pode uma pedra ser tão macia? "O rapto de Proserpina" de Gian Lorenzo Bernini. Mármore. 1621 - 1622.
Talvez somente aqueles que já trabalharam com muitos verdes na mesma tela saibam apreciar a beleza desta obra de Joseph Paquet. "Cruzamento em Bubbling Springs". Óleo sobre tela, 61 cm por 76 cm. Me emociona a simplicidade da composição e a maestria na execução. Ainda poderia citar muitas obras aqui e acho que o farei em breve em um novo post, mas vejam que ideia legal teve o Museu Rijksmuseum de Amsterdã. Este museu está pedindo que os visitantes parem de fotografar as obras mas, que ao invés as desenhe. Para tanto disponibiliza lápis e papel para os todos os interessados, com isso eles querem que os visitantes entrem em contato verdadeiramente com a beleza das obras.
domingo, 1 de novembro de 2015
Essa eu não podia deixar passar
No meio artístico há este debate sobre arte contemporânea e no meu ponto de vista este nome, ARTE CONTEMPORÂNEA, é absolutamente inconveniente. A definição de contemporâneo é o que ou aquele que é do mesmo tempo, da mesma época em que vivemos. Assim sendo, Leonardo da Vinci fez arte contemporânea, assim como Vincent van Gogh e sim eu também, faço arte contemporânea, embora não pareça, pois por incrível que seja por não usar suportes ou materiais inusitados ou por não defender uma ideia intelectualizada não me encaixo neste rótulo. Vou fechar a questão com esta frase de João Carlos Lopes dos Santos. "Não é a obra de arte que tem que parecer contemporânea, são os artistas que tem que ter o coração contemporâneo e a cabeça na atualidade." Conversando aqui e ali vejo que as pessoas querem admirar a arte como algo que poucos conseguem executar, algo que exige habilidades específicas em talhar, desenhar, colar, pintar e aliado a isso um olhar sensível, porém sentem-se distantes desta arte apresentada por aí e acabam deixando de frequentar galerias e museus para não passarem por ignorantes. Que pena! Já em 29.12.2001 o poeta e escritor mineiro Affonso Romano de Sant'Anna escreveu uma crônica Arte:Equívoco Alarmante publicado no O Globo: "Sobretudo nas 'artes plásticas', nos últimos anos tornou-se evidente um fosso entre o público e as obras apresentadas como artísticas."
Pois bem aconteceu recentemente na Itália. O pessoal da limpeza não entendeu que se tratava de uma instalação e confundiu a obra de arte "Onde vamos dançar esta noite?" com lixo. Você já pode imaginar onde tudo isso foi parar não é? Obra exposta no Museu de Arte Contemporânea de Bolzano - Itália.
Somente uma pequena reflexão sobre um tema abrangente.
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